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16/04/2013 - 04:11:53

Raul Molfi: testemunha de nossa história

Raul Molfi conhece detalhes da história rio-pardense, pois dela participou ativamente.




No dia em que completou 93 anos de idade, Raul Molfi, uma das maiores testemunhas vivas da história de São José, recebeu CIDADE LIVRE DO RIO PARDO e falou sobre sua vida profissional, assuntos relacionados ao interesse comum dos cidadãos rio-pardenses, suas alegrias, decepções e alguns fatos marcantes de sua vida quase secular. Ele conversou conosco no "Empório Molfi", aberto na rua Treze de Maio, em São José há quase duas décadas, que abriga artigos e peças decorativas que são comercializadas por seu filho e também presta serviços de fotocópias, estes geridos por ele mesmo. 

"Já sugeri a meu filho que leve suas peças para São Paulo, pois ele mora lá e aqui em São José do Rio Pardo infelizmente não existe um bom mercado para este tipo de produto", contou. 

Molfi nasceu em 1920 na então pequena e pacata cidade que começava a se desenvolver, cresceu, estudou e desenvolveu a maior parte de sua carreira profissional também em nossa terra. Presidiu o Lions Club rio-pardense e ainda acompanha de perto todos os detalhes dos acontecimentos políticos e socioculturais da cidade.


CARREIRA PROFISSIONAL

Raul Molfi desenvolveu sua carreira profissional inteiramente no mercado financeiro. "Não pude fazer um curso superior porque precisei parar de estudar quando entrei no banco, não dava tempo de conciliar o trabalho com os estudos. Fiz um concurso e passei para trabalhar no banco Moreira Salles nos anos 1940. Quando comecei o banco tinha esse nome, depois tornou-se União de Bancos, o Unibanco, antes de se fundir com o Itaú e o nome Unibanco desaparecer. Trabalhei a vida inteira nessa instituição, entrei jovem e fiquei até me aposentar. Comecei como caixa, depois fui promovido a subcontador, contador e, finalmente, gerente. Quando fui promovido a gerente, recebi o convite para exercer o cargo em Mococa, e fui transferido para lá. Realizamos um bom trabalho na agência do Unibanco em Mococa, era uma agência deficitária quando cheguei lá, mas com o trabalho que fizemos ela se tornou uma agência muito lucrativa para o banco logo no primeiro ano em que trabalhei em Mococa. Menos de dois anos depois que assumi a gerência em Mococa, a agência do Unibanco já era uma das que mais se destacavam no interior de São Paulo. Aumentamos consideravelmente a movimentação dos serviços financeiros como aplicações, empréstimos e a quantidade de dinheiro que girava aumentava cada vez mais. Quando voltei a São José, morei no prédio onde funcionou o Unibanco na cidade quando fui gerente aqui, na rua Marechal Deodoro, durante dois anos, aproximadamente. A clientela do banco na época em que trabalhei dividia-se bastante entre pessoas físicas e jurídicas, não havia um tipo de cliente que era a grande maioria. Para as pessoas jurídicas fazíamos muitos financiamentos, principalmente para fazendeiros que cultivavam café. Naquele tempo existiam muitos produtores de café em São José. A família Scali era a maior compradora dos cafés daqui. Depois que me aposentei, continuei exercendo funções no mercado, prestando serviços para financeiras que eu representava em São José e outras cidades próximas de nossa região como Mococa, Tapiratiba, São João da Boa Vista, Guaxupé e até Poços de Caldas. Depois que me aposentei no banco, ainda trabalhei com as financeiras por mais de uma década", resumiu Raul Molfi sua movimentada vida profissional.


A GRANDE DECEPÇÃO

Apesar de passar a maior parte de seu tempo dedicando-se a suas tarefas na instituição financeira onde trabalhou, Raul Molfi ainda encontrava tempo para outras funções importantes e comandou o Lions Club que existiu em São José do Rio Pardo. 

"Fundei o Lions Club em São José e também em Mococa, quando morei naquela cidade durante os quase 11 anos em que trabalhei como gerente do banco Unibanco de lá, depois de ter sido transferido daqui. Depois da aposentadoria de um gerente daqui, voltei para São José. Fui presidente do Lions Clube em São José do Rio Pardo em 1970. Em Mococa não tive nenhum cargo no Lions, nem sócio fui, para evitar qualquer tipo de problema que pudesse acontecer por conta das minhas atividades profissionais no banco. O Lions Club era composto por pessoas idôneas que buscavam realizar coisas que pudessem contribuir para o bem da sociedade em geral. O trabalho realizado era semelhante ao que o Rotary faz, por exemplo. Infelizmente o Lions acabou perdendo força aqui em São José e teve suas atividades encerradas há muitos anos. Em Mococa ainda existe e é uma pena que não exista mais em São José. Quando aqui fui presidente, recebi uma circular do Lions do Rio de Janeiro comunicando a intenção de cerca de vinte grandes indústrias que estavam procurando cidades menores para instalarem fábricas e escritórios. Poderíamos escolher quantas quiséssemos para que viessem a São José do Rio Pardo conhecer a cidade, com a ajuda de acordos que poderiam ter sido feitos com o prefeito à época, muitas poderiam ter se estabelecido aqui, gerando empregos e ajudando no desenvolvimento da nossa cidade. Fiquei muito entusiasmado, enxerguei naquilo uma grande oportunidade para São José progredir rapidamente. O prefeito naquela época era o Lupércio Torres, com quem eu tinha muita amizade. Organizei as coisas que recebi do Rio de Janeiro e fui até a Prefeitura procurar o Lupércio para falar com ele e mostrar a quantidade de oportunidades que estavam sendo oferecidas para nós. Para minha mais profunda tristeza e decepção, ele mal me recebeu e muito menos deu importância para aquilo, nem olhou direito o que eu havia levado. Disse apenas que ‘não interessava para São José’ a instalação de grandes empresas no município. Aquilo me desmotivou demais, São José jogou fora grandes oportunidades, poderíamos ter hoje muitas empresas de grande porte instaladas aqui, fico imaginando como seria nossa cidade hoje se naquela época o Lupércio tivesse pelo menos dado a chance de algumas virem até aqui conhecer a cidade. Como ele era meu amigo, acabei nem procurando adversários políticos dele para mostrar o que havia recebido dos amigos do Lions do Rio de Janeiro, não quis me envolver com algo que nunca tive muito simpatia, a política. O tempo passou e São José ficou pra trás, hoje assistimos ao desenvolvimento de cidades como São João da Boa Vista imaginando que poderia ser o nosso. Mococa já está deixando São José para trás também, daqui a pouco até Casa Branca deverá se tornar uma cidade maior e mais desenvolvida que a nossa, o que é muito triste para nós, rio-pardenses. Infelizmente, os políticos que tivemos aqui em São José mais atrapalharam do que ajudaram a cidade a se desenvolver. A maioria deles nunca teve amor pela cidade, pela população, nunca se preocuparam de verdade com os interesses da cidade, só se preocupavam com eles mesmos. Digo isso porque vivo aqui desde que nasci, pelo menos uns 75 anos da história política de São José eu conheço bem", desabafou Raul Molfi, com ares de muita tristeza por não ter conseguido convencer o ex-prefeito Lupércio Torres a sequer receber empresários interessados em instalar grandes indústrias em São José do Rio Pardo.


REVOLUÇÃO DE 1932

"Eu era só um menino na época em que aconteceu a revolução constitucionalista de 1932, mas me lembro bem de algumas coisas que aconteceram e acabaram me marcando para sempre. Um dia, eu estava com um amigo na rua e demos de cara com um oficial mineiro, vindo de Guaxupé. Ele nos perguntou onde ficava a Prefeitura da cidade. Indicamos o caminho conforme ele havia solicitado e, depois, ele pediu que nós avisássemos o prefeito que os mineiros iriam passar por São José. O oficial disse que deveríamos falar ao prefeito que a população da cidade deveria ficar em suas casas quando isso acontecesse e que se algum ato de violência ou problema fosse causado, era para procurá-lo. Ele ainda deixou o endereço de onde ficava em Guaxupé e foi embora. Não lembro quem era o prefeito na época, mas tudo aconteceu conforme o oficial pediu e não tivemos problemas. Recordo-me também de um caso que houve no Bonsucesso, onde um soldado, que estava sozinho, quis se aproveitar de uma moça que morava lá. Ele acabou sendo expulso por pessoas que moravam por perto à base de socos e pontapés", contou aos risos Raul Molfi. 

"Apesar desses fatos, nada de muito relevante acabou acontecendo aqui na cidade mesmo, éramos uma cidadezinha esquecida num canto do Estado, nada mais", concluiu.









COMENTÁRIO(S)

  • 2013-05-10 20:05:15
    Milu Molfi
    Parabéns pela matéria e sugiro que continuem entrevistando pessoas que são e fizeram a história de São José.




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